Os xiitas, os americanos e o Iraque
Finalmente foram conhecidos os resultados das ‘eleições’ iraquianas realizadas a 30 de Janeiro de 2005.Independentemente da concordância com a OCUPAÇÃO dos USA e razões que presidiram à mesma, importa agora observar o presente com o pensamento no futuro por forma a tentar prever o que há-de vir.
Ora, de acordo com os dados divulgados, as referidas eleições registaram uma taxa de participação de 59%. Muito bom dirão uns, aceitável dirão outros tendo em conta, nomeadamente, a abstenção de parte significativa dos eleitores sunitas (a minoria da população mas que gozava dos maiores privilégios com o regime de Saddam Hussein, sendo ele também sunita).
Como seria de esperar foram os partidos xiitas, representativos da maioria da população, os grandes beneficiados com o acto eleitoral. A Aliança Unificada Iraquiana apadrinhada pelo ayatollah Ali Sistani obteve 48% dos votos expressos e a lista do primeiro-ministro cessante, o xiita laico Iyad Allawi, consegui quase 14%. Estamos então perante uma clara maioria xiita com uma forte vertente religiosa e com um claro alinhamento ao fundamentalismo iraniano.
E aqui vem a ironia da situação…. Os USA, na sua ânsia de conquista, acabaram por levar ao poder no Iraque um partido, ou eventualmente uma coligação partidária, que certamente se identificará mais com o Irão (o próximo país a ser democratizado?...) do que com os pseudo valores proclamados pelos ‘democratas’ estado unidenses.
O candidato a primeiro-ministro avançado pela Aliança Unificada Iraquiana é Ibrahim Jaafari, líder do Dawa, um dos três partidos que compõem a coligação. Jaafari é membro do Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque e, apesar de ser considerado por alguns como um conservador moderado, são conhecidas a sua posição relativamente à sharia como única fonte de lei bem como a sua declarada proximidade ao regime iraniano.
Curiosamente, o Dawa foi fundado em 1950 pelo tio de Moqtada al-Sadr e, desde cedo, desencadeou uma resistência armada ao regime de Saddam Hussein.
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