terça-feira, fevereiro 22, 2005

O sortudo e o vencedor

Há pessoas que têm muita sorte!!! E Jorge Sampaio é, sem dúvida, uma delas. Soube jogar a cartada certa no momento exacto. Mas será que foi mesmo ele a jogar ou também ele foi jogado, revelando-se apenas como o meio para alguém, atrás do pano, conseguir os seus intentos?

Se é certo que se esperava que o PS iria ganhar as eleições haveria também certamente necessidade de algumas explicações caso o resultado da noite eleitoral fosse diverso. No domingo, houve alguém que dormiu muito mais aliviado.....

Sócrates cumpriu com o que lhe foi pedido: mais do que uma maioria absoluta do PS, uma derrota da coligação de direita.
Apreciei sobremaneira o seu discurso de vitória. Um discurso virado para o partido, como bem marcou António Barreto na sua intervenção televisiva.
‘Conseguimos!’, exclamava José Sócrates dirigindo-se directamente aos seus camaradas. Mas então os membros do Partido Socialista são 45% do eleitorado? E só agora este partido obteve uma maioria absoluta?

De um futuro primeiro ministro (ou de alguém à espera de ser convidado pelo Presidente da República para formar Governo) esperava-se, no mínimo, uma afirmação do tipo ‘PORTUGAL conseguiu!!!’ seguida de um discurso sóbrio dirigido a todos os Portugueses (aos que votaram PS e aos que votaram ao lado) em que fosse patente, em traços gerais, a linha condutora do programa de Governo a seguir.

A direcção do discurso da noite eleitoral leva-nos mais a uma interpretação do tipo ‘Conseguimos! Estamos de volta ao poder!’. Aí vem o ‘Jobs for the Boys II’ em época de Oscars em Hollywood e tudo (melhor enquadramento seria difícil...).

Comportamento sintomático dos jogos de bastidores foi relatado por um jornalista de serviço da TSF. Este referia, entusiasmado, que diversas personalidades se apressaram em direcção ao Hotel Altis para cumprimentar o líder socialista e cumprir com o beija-mão da praxe. Após enumerar alguns nomes mais ou menos sonantes eis que o referido jornalista acrescenta que diversos colegas profissionais seus, fora de serviço, se haviam dirigido à Rua Castilho para abraçar e cumprimentar José Sócrates pela vitória alcançada. Diga-se de passagem , um comportamento claramente consentâneo com a atitude dos media durante o Governo de Pedro Santana Lopes e o período de pré-campanha e campanha eleitoral, anoto eu.

De entre os parabenizadores, os patrões foram dos primeiros a felicitar José Sócrates e a dar o benefício da dúvida relativamente às políticas a seguir. Dar o benefício da dúvida é mesmo o mínimo que poderá ser feito já que as políticas económicas, e a qualquer outra nível, são completamente desconhecidas, pautando-se o programa proposto por vagas linhas condutoras.

Mas desengane-se o cidadão anónimo. A vitória foi de todos menos sua. PORTUGAL irá, muito provavelmente, continuar na mesma modorra, a sofrer dos mesmos problemas e eternamente à espera....

Canta Palma, canta.... Ai, PORTUGAL, PORTUGAL....

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