quarta-feira, março 02, 2005

O Afeganistão e o Irão

Nos últimos dias surgiu um relatório da ONU a confirmar aquilo que já se sabia: o Afeganistão encontra-se a ferro e fogo.

A ocupação estado-unidense ao libertar os afegãos das grilhetas dos talibans arrolou-os simultaneamente como escravos dos senhores da guerra que controlam o país e dos diversos grupos de narcotraficantes (actividade anteriormente desenvolvida de forma monopolista pelo regime taliban).

Ao mesmo tempo, as liberdades continuam cerceadas e as necessidades mais básicas continuam por satisfazer.

No entanto, a economia do país cresceu 25% desde a ocupação promovida pelos USA, milhões de crianças regressaram à escola e milhões de refugiados voltaram para o seu país. Mas apesar disso, o Afeganistão revela-se o quinto país menos desenvolvido no ranking da ONU. A situação é tal que o relatório refere que "O preço que a comunidade internacional irá pagar para se proteger do Afeganistão será muito maior do que o que pagará para o desenvolver".

Desenganem-se aqueles que pensam que a invasão do Afeganistão foi uma retaliação pelos ataques de 11 de Setembro de 2001 e uma (vã) tentativa para capturar o seu (apontado) mentor.

A invasão deste país resultou mais de um jogo económico e de uma estratégia para aceder a fabulosos recursos petrolíferos do que de outro qualquer motivo.

O acesso ao petróleo das ex-repúblicas soviéticas é fácil. Difícil é transportar o ouro negro por território ‘amigo’ ao menor custo possível de forma a que este possa ser vendido nos mercados ocidentais ao valor mais alto possível.

Se der uma espreitadela no mapa reparará que a construção de um oleoduto que possibilite o transporte de petróleo das ex-repúblicas russas para o Mar da Arábia, atravessando ainda o ‘amigo’ Paquistão, terá que passar pelo Afeganistão ou pelo…. Irão.

Sendo o presidente dos USA um cowboy arrogante e com interesses ligados aos grandes grupos petrolíferos do país (veja-se o background de diversos membros do Governo, nomeadamente o de Condoleeza Rice) será fácil perceber que a invasão do Afeganistão se limitou a uma manobra económica na luta pelo acesso a matérias primas baratas.

A situação no Afeganistão parece estar a correr mal dada a instabilidade reinante. O Irão, como rota alternativa e possuidor de significativas reservas petrolíferas, corre assim o sério perigo de ter o mesmo destino.

Hoje mesmo o chefe da delegação dos USA na Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), acusou o Irão de manipular de forma cínica o tratado de não-proliferação de armas nucleares.

A acompanhar os desenvolvimentos dos próximos capítulos…

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