quarta-feira, março 16, 2005

Quioto e o Kilimanjaro

Segundo um relatório de uma organização ambiental internacional, o Monte Kilimanjaro (na fronteira do Quénia com a Tanzânia) está sem neve e gelo pela primeira vez nos últimos 11.000 anos(!).

É mesmo verdade….

A ânsia consumista das economias ocidentais conduz-nos a uma constante deterioração do nosso planeta e, caso se adiem ad aeternum as medidas que se tornam urgentes e necessárias, rapidamente chegará o momento da insustentabilidade.

Por este caminho, o legado que deixaremos aos nossos filhos será resultado do nosso egoísmo e da total ausência de escrúpulos na utilização de algo que nunca foi nem será nosso, mas sobre o qual nos foram apenas concedidos privilégios de utilização (com obrigatoriedade, nunca cumprida, de preservação e reposição da qualidade ambiental).

Mas o que fazer quando o principal poluidor mundial recusa ratificar o Protocolo de Quioto alegando que isso seria prejudicial ao seu crescimento económico? Tanto quanto sei, existe uma imensidão de empresas a operar no sector do ambiente, isto para já nem falar que um maior controlo ambiental iria gerar negócio para as firmas de consultoria ambiental e económica pela obrigatoriedade do estabelecimento de um compromisso entre o cumprimento das normas ambientais e o crescimento das empresas.

Na minha modesta opinião, os USA recusaram subscrever o PdQ por isso prejudicar, sobretudo, a sua indústria petrolífera (com conhecidas ligações ao centro decisório de Pennsylvania Avenue) e poder originar um movimento contestatório e uma tomada de posição por parte dos cidadãos, revoltados por o combustível necessário à sua, irracional, utilização do automóvel deixar de ser ao preço da chuva.

Torna-se cada vez mais premente promover a construção de uma consciência colectiva alertando para o facto de que o “efeito borboleta” é mais do que uma mera formalização teórica. As consequências do descuido com que agimos no que diz respeito aos limitados recursos naturais colocados à nossa disposição sente-se de forma cada vez mais intensa. Exemplo desta situação são, sem dúvida, as dificuldades sentidas actualmente em Portugal no que concerne ao abastecimento de água em algumas regiões do país. Se é certo que parte significativa da maleita reside nas fugas e desperdícios existentes ao longo do sistema de captação e transporte dos recursos aquíferos, é também óbvio que uma melhor e mais racional utilização dos mesmos possibilitaria uma melhoria da qualidade de vida das populações afectadas, directa e indirectamente, pela situação.

Cabe-nos a todos agir em conformidade com as nossas consciências e com a imagem que cremos passar da nossa geração e a herança que pretendemos deixar às gerações vindouras.

(veja aqui as fotografias da evolução da cobertura do monte Kilimanjaro ou em:

www.iucn.org / Our Work / Themes / Climate Change)

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