o enigma explicado
(clique para aumentar)
De acordo com esta notícia, existe uma firma na Alemanha em que, contratualmente, os empregados estão proibidos de se queixar / resmungar e outras coisas do género no local de trabalho… excepto se essa situação for acompanhada de algum comentário construtivo sobre a forma de ultrapassar a origem da queixa.
O objectivo da medida é criar uma energia positiva que propicie um bom ambiente de trabalho e ajude a aumentar a produtividade.
É sem dúvida uma ideia a ter em conta pelas empresas Portuguesas que se queixam da reduzida produtividade dos seus colaboradores…
Análise publicada no Diário Económico on-line e que reflecte o pensamento da maioria dos Portugueses.
Presidenciais 2006 > 2006-01-23 06:30 |
Mário Soares, fundador da democracia portuguesa, primeiro primeiro-ministro saído de eleições e primeiro Presidente da República civil eleito após Abril de 1974, terminou ontem sem glória uma carreira política que o tinha levado a todos os altos cargos de eleição.
Terceiro classificado numa eleição presidencial, depois de ter cumprido dois mandatos em Belém, o segundo dos quais obtido numa campanha que foi um autêntico passeio pela avenida, Soares saiu duplamente derrotado das eleições presidenciais de 2006. Não evitou a eleição de Cavaco Silva, seu arqui-rival durante a coabitação de 1985-95, e foi batido no campo da esquerda por Manuel Alegre.
Soares já tinha recebido uma lição quando se candidatou com alguma arrogância à presidência do Parlamento Europeu e foi batido por uma “dona de casa”. Agora foi batido no seu campo político por um candidato sem apoio e sem aparelho partidário. Talvez Soares pensasse que bastava aparecer para arrastar multidões e eleitores. Não foi isso o que aconteceu. E Soares acaba por sair de cena pela esquerda baixa.
Mário Soares entrou de rompante nas eleições presidenciais, depois de Manuel Alegre manifestar a sua disposição para se candidatar. Diga-se que, em 1996, Soares também tentou evitar a candidatura de Jorge Sampaio. Mas aí não podia, como agora, meter-se a si próprio no cenário das eleições. Desta vez podia e foi o que fez, por iniciativa própria ou a pedido da direcção do PS, o que não ficou definitivamente esclarecido.
Resta a Mário Soares uma única consolação, na hora do eclipse. A de não estar sozinho nesta humilhante derrota, envolvido com a direcção do PS. Depois de perseguir o fantasma de uma candidatura de António Guterres, de querer criar uma candidatura de António Vitorino, a direcção do PS agarrou-se à ilusão da candidatura de Mário Soares. Dizia Manuel Alegre, nos últimos dias da campanha, que os socialistas teriam uma escolha muita séria a fazer nestas eleições.
Grande parte dos eleitores socialistas escolheu Alegre. Mas a direcção do PS escolheu a derrota absoluta, com o terceiro lugar de Mário Soares. Para a direcção do PS o único motivo de alívio deve ter sido a vitória de Cavaco Silva à primeira, evitando o embaraço de uma indicação de voto para uma segunda volta.
Poema em linha reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos
o meu obrigado a Dunca por me ter chamado a atenção para este poema de Álvaro de Campos / Fernando Pessoa que, indubitavelmente, reflecte a realidade Portuguesa tal como o fazia quando o vate lusitano o escreveu…
Mário Soares, o mais recente adepto Português das teorias da conspiração, revela-se de corpo e alma (tanta quanta a sua faceta laica lhe permite ter!) nesta entrevista dada ao Diário Económico.
Entrevista a Mário Soares > 2006-01-16 06:30 |
Grupos de comunicação, jornalistas, empresas de sondagens, escutas: Mário Soares e a ‘conspiração’ para eleger Cavaco Silva.
Na sua última entrevista antes das presidenciais, Soares fala num projecto de poder que começa com Cavaco em Belém.
Sente que os portugueses estavam preparados para o ter de volta?
Eu nunca saí do cenário político, nunca estive a fazer política dentro do partido...
Mas a pergunta era se os portugueses estariam preparados para essa reentrada na vida política activa.
As reacções que as pessoas têm comigo são as mais simpáticas. De uma maneira geral, esmagadora, as pessoas abraçam-me, beijam-me, acham que estou jovem, bonito (risos). E em toda a parte do país. Evidentemente que há umas pessoas que dizem umas bocas: “Você vendeu Angola”; ou que eu tinha pisado uma bandeira. Esses é que estão há 40 anos atrás, não sou eu.
Essas pessoas com que tem contactado, que dizem estar consigo, estarão dispostas a votar em si?
Eu espero que sim, mas isso é o que se vai ver no momento das eleições. Eu não comento nem me guio por sondagens.
Ainda ontem o ouvimos falar de sondagens, quando Cavaco Silva desceu dois pontos, dizendo-se impressionado...
...Não, não, não. E não me impressiona nada, não é por isso. O que acho é que isso confirma, de alguma maneira, aquilo que eu penso. Mas há aqui um fenómeno que me faz alguma espécie. É este: porque é que as sondagens são tão desiguais e tão contraditórias entre si? Menos num ponto: o dr. Cavaco Silva aparece sempre acima da faixa dos 50%. Aparece. Mas aparece com as extrapolações que fazem, não em números brutos. Essas extrapolações têm muito que se lhe diga.
Sabe que o português é uma pessoa astuta! Veja: hoje apareceu essa coisa das escutas telefónicas, mas já há muito tempo se falava nas escutas telefónicas. E aparece um homem a falar para sua casa, para um número fixo. E quem atende, a primeira ideia que tem, é: “Este tipo tem o meu número de telefone, sabe quem eu sou. Estou identificado”. E o outro diz-lhe: “Diga lá em quem é que vai votar?”. E ele pensa: “Vou dizer o politicamente correcto. Não me vá chatear...”
Acha que as pessoas têm...?...
...Acho!
...Medo de dizer que não votam em Cavaco Silva?
...Não é medo...
Ou que preferem não dizer...
...Podem preferir.
Mas terão medo de quê? De retaliações?
As pessoas às vezes têm medo de coisas que não se vêm a fazer. Não queira ler isto em traço grosso, faça uma interpretação fina do que estou a dizer. Não há medo na sociedade portuguesa, há é emoção. Mas há alguma coerência. Porque há pessoas que perdem o emprego, que sabem que o emprego é muito precário. Não me diga que não tem em conta que isso é uma possibilidade e que se perder o emprego tem dificuldades em encontrar?
Considera que os jornalistas estão condicionados nesta campanha? É isso?
Não. Acho que existirem três grupos ou quatro que dominam todo o panorama da imprensa é qualquer coisa que pode condicionar os jornalistas. As pessoas têm filhos, têm família, têm outras coisas...
Pergunta directa: tivemos legislativas há 10 meses, José Sócrates teve maioria absoluta, Santana Lopes queixava-se do mesmo que o dr. Soares hoje...
...Eu não me queixo, nunca me queixei! Faço reparos para os senhores reflectirem. E não é por mim - todos os candidatos de esquerda estão nesta posição e há um só que é o privilegiado. E isso é um facto! Não podem negar isso! Vai ser um objecto de estudo, porque não é normal numa sociedade que é maioritariamente de esquerda. Como é que de repente voltou à direita?! Está convencido disso só por causa das sondagens?! Vamos ver!
Acredita que esses mesmos meios de comunicação social, que diz terem tanta influência, também favoreceram a eleição de Sócrates?
A minha resposta é muito simples: sabe que a situação estava tão degradada, nesse momento, que isso explica a vitória do PS...
A pergunta era se esses meios de comunicação estiveram...
...Não, nessa altura não estiveram porque não estavam interessados no primeiro-ministro que havia. E esses mesmos meios achavam que ele os prejudicava.
Ele, Santana Lopes?
Sim.
E portanto, nesse caso, responde afirmativamente? Sócrates teve esse apoio, desses mesmos meios?
Não, não teve apoio nenhum. Era a única alternativa possível, a única que havia. Porque é que há um certo descontentamento com o Governo actual? Há ou não há? Pergunto-lhe!
Pelas sondagens é difícil de dizer...
...Mas há. Há um certo descontentamento. Têm sido tomadas medidas que angustiam certos portugueses. A propósito dos reformados, a propósito de outras coisas. Não obstante, o eng. José Sócrates não desce nas sondagens. É porque não há uma alternativa à direita. Se o líder do partido [do PSD, Marques Mendes] é escondido, se o outro partido [CDS] é o outro e se aceita ser o outro... o que é que quer? Não acha que isto tudo é estranho? Em democracia normal, é estranhíssimo! Não querer ver isto é não querer ver aquilo que se está a passar, neste momento, na sociedade portuguesa. Eu estou a avisar. Posso não ser entendido, mas estou a avisar.
O PAÍS QUER QUE HAJA UMA VITÓRIA À PRIMEIRA VOLTA
Quem pode trazer mais instabilidade ao país? Cavaco Silva ou Manuel Alegre?
Essa pergunta está armadilhada, não lhe quero responder...
Manuel Alegre, se for (ou mesmo que não seja) Presidente, vai atrapalhar de alguma maneira o caminho de José Sócrates?
Penso que - nessa hipótese para mim absurda - atrapalharia muito menos do que Cavaco Silva.
Ainda tem esperança de passar à segunda volta?
Tenho esperança de passar à segunda volta, estou mesmo convencido de que isso vai acontecer. A segunda volta vai ser a grande surpresa destas eleições.
Acredita que está num momento de viragem?
Acredito que existem momentos em que as pessoas começam a perceber as coisas. Tem a ver com as informações contraditórias que as pessoas têm, com toda a campanha que foi feita, as pessoas de repente começam a pensar... Quando as eleições são muito difíceis, como há muita gente indecisa até aqui, é possível que hajam surpresas. Se o dr. Cavaco Silva não for eleito à primeira volta, perde necessariamente as eleições. E isso é uma das coisas mais importantes que há nesta eleição: é que o país está convencido de que Cavaco não ganha à segunda volta e por isso é que quer que haja uma vitória à primeira - o que é absolutamente contraditório: se ele não serve para a segunda, como é que serve para a primeira?
“CAVACO ESTÁ A SER UTILIZADO PARA UM PROJECTO DE PODER”
Estava a falar em descontentamento com o Governo. Num artigo que assinou em Fevereiro, na Visão, dizia que estavam criadas condições para assegurar uma vitória de um candidato à esquerda nas presidenciais. O que mudou?
A tal pressão da comunicação social...
Como é que justifica isto? Se o vê, é porque vê também alguma intenção...
Já vos falei de Berlusconi. Como é que um homem de grande fortuna começa a comprar a comunicação social quase toda, através dela chega ao poder, e depois domina a comunicação social estatizada. E hoje a Itália está no embaraço que se conhece. Ele fez isso consciente, Cavaco não está a fazer consciente, está a ser utilizado para. O que é diferente.
Está a ser utilizado com que intenção? Um projecto de poder?
Claro, é óbvio.
Pelo “cavaquismo”?
Exactamente, pelo que se chama vagamente cavaquismo. Que é uma atitude de uma certa arrogância em relação aos outros e ao poder, uma certa conflitualidade social.
Essa descrição que faz de Cavaco é a mesma que muitos fazem de José Sócrates.
...Por partidários dele [Cavaco]. José Sócrates está a sacudir isso e ninguém o ouve.
Mas ainda ontem o ouvi dizer que o Governo actual precisava de explicar melhor as medidas. A pergunta é se Sócrates tem capacidade de diálogo, formação humanista.
Eu rectifiquei a minha posição sobre o primeiro-ministro. Porque achava que era uma pessoa da escola de Guterres e acho que é o anti-Guterres. Sócrates corta a direito.
Corta a direito sem explicar bem as medidas.
Às vezes, até agora, tem explicado pouco algumas. Se explicasse melhor, teria ainda mais êxito do que tem. Acho que Sócrates está a dar provas de ser um grande primeiro-ministro.
Com uma visão humanista?
Com uma visão humanista, social, que eu julgava que não tinha tanto, mas tem. Porque eu não o conhecia bem.
Deixe-me voltar a Cavaco Silva. Acha que ele tem um projecto de poder? Que quer levar Ferreira Leite ou António Borges até ao poder?
Não sou capaz de lhe responder a essa pergunta. Eu conheço o dr. Cavaco Silva do tempo que convivi com ele e não faço ideia disso. O que sei é que ele quer ser Presidente. Não sei porquê...
...Ele diz que é pela crise, a mesma razão que o dr. Soares.
Admito que seja uma boa razão. Mas ele candidata-se com apoios, por trás dele está o cavaquismo que tem uma imagem no país. Isso é uma memória. Ele tenta apagar essa memória, mandando para baixo da mesa as pessoas que não têm estado presentes com ele. Há pessoas que foram grandes apoiantes dele e que têm importância na campanha dele, mas que cuidadosamente nunca apareceram. Não vou falar em nomes.
Mas não é disso que se trata. É que ele está convencido que se duas pessoas estiverem de boa fé têm que ter necessariamente a mesma ideia. Não têm! Porque as pessoas são diferentes e há muitas considerações que interferem no processo de decisão, dos racionais aos emotivos. Se ele lesse os livros do meu apoiante António Damásio ele perceberia isso, mas certamente nunca os leu.
“OS PORTUGUESES VÃO ESTAR MELHOR EM 2009”
No debate com Cavaco justificou ter sido mais interventivo face ao Governo dele a partir de 1993, em plena crise, com o clima de irritação dos portugueses face ao Governo...
E podia estar indiferente ao buzinão? Às operações da polícia a baterem num padre na Marinha Grande e aos trabalhadores? Quando ele dizia que o PR e os sindicatos eram uma força de bloqueio?
Mas a questão é esta: se no final deste mandato os portugueses estiverem tão irritados com Sócrates como estavam com Cavaco, faria um novo “Portugal que Futuro?”, por exemplo?
Não sei, não lhe posso responder a uma situação aleatória e futura.
Acabou de nos dizer que hoje os portugueses estão algo incomodados com medidas do Governo...
Sim, mas vão estar melhor nessa altura, porque nessa altura José Sócrates já explica melhor e porque nessa altura já está feito aquilo que é preciso ser feito.
E se a economia estagnar?
Isso também não será culpa dele. Se a economia não cresce, a culpa não é dele. É, em primeiro lugar, dos empresários, depois do mundo do trabalho, se as partes envolvidas não se entenderem. Não é o Governo que faz mexer a economia, senão quando tem meios para exercer uma política neo-keinesiana a sério, o que não é o caso, dado que o eixo do Estado está tão descarnado...
...Porquê? Por causa da UE?
Não, porque grande parte foi para os privados e algumas vezes para outro país. Portugal perdeu os sectores estratégicos fundamentais.
“O ‘ESTADO ROSA’ É UMA BRINCADEIRA DE CRIANÇAS”
Cavaco Silva disse ao DE que o Governo deveria rever a lei das nomeações para a administração pública, porque mudou a lei no mau sentido - partidarizando mais essa administração - ao fazer com que os directores-gerais caiam automaticamente quando cai um Governo.
Nunca houve tanta partidarização da máquina do Estado como na altura do “Estado laranja”. O “Estado rosa”, se quiser, é uma brincadeira de crianças. Em princípio genérico, acho que os grandes cargos da Administração Pública devem ser ocupados por pessoas que lá cheguem pela competência.
Os directores-gerais?
Sobretudo os directores-gerais.
Devem chegar lá como? Por concurso, nomeação?
Em geral, por concurso público e pela competência. Deve-se prestigiar a fundo o funcionalismo público.
Cavaco diz que o Governo deve repensar essa lei, que refez há seis meses.
Um PR não tem o direito de pedir a um Governo em público que repense o que fez. Se eu lhe disser “tem que fazer isto”, é a melhor maneira de não a fazer - porque não quer que digam que está às minhas ordens. É a minha diferença.
“CAVACO E SÓCRATES PODEM DAR FAÍSCA”
Um seu amigo, Karl Popper, falava muito nos ‘checks and balances’...
É uma teoria norte-americana, muito boa, que diz que os poderes devem estar distribuídos...
...E a pergunta era se os portugueses hoje, com a primeira maioria absoluta socialista, não sentirão a necessidade de ter alguém que faça o ‘check and balance’.
Não, não. Porque o PR que seja eleito e que tenha independência, crítica e moral, como é o meu caso, pode ser do PS, mas se houver decisões do PS que estejam contra a sua consciência, contraria-as necessariamente. Quem dissolveu a AR contra a opinião do PS fui eu.
Mas nunca ninguém o ouviu, nessa altura, dizer de Constâncio o que hoje diz de José Sócrates.
O quê?
Que ele é um excelente primeiro-ministro, que é muito melhor do que imaginava...
Ouviu-me fazer grandes elogios a Vítor Constâncio, ainda recentemente.
As circunstâncias, hoje, são diferentes.
Primeiro, ele nunca foi primeiro-ministro. Nunca o critiquei enquanto foi secretário-geral do PS, até critiquei mais José Sócrates. Acho que Constâncio é um extraordinário economista, grande homem de bem, foi um excelente ministro das Finanças de um Governo meu e é um excelente governador do Banco de Portugal.
E foi um bom líder do PS?
Não, não foi. Se me faz a pergunta, eu não falo por eufemismos nem me refugio no silêncio. Respondo-lhe: não, de facto não foi.
A distinção é essa: hoje diz que Sócrates é um excelente líder do PS e um excelente primeiro-ministro. E as pessoas podem não sentir esse seu distanciamento.
Pode dar-se o caso de eu me estar a enganar e é possível que amanhã... não sou uma pessoa que não se engane, cometo erros. Mas a teoria dos ‘checks and balances’ é, em português, a teoria dos ovos nos mesmos cestos. Essa teoria, que eu defendi, foi invalidada pelo dr. Sampaio - que é socialista e tem sido PR com governos socialistas e sem problema nenhum.
Essa relação correu bem, por exemplo, durante a governação de Guterres?
Não me consta que tenha havido nada de grave entre eles, bem pelo contrário.
O grau de exigência colocado a esse Governo foi suficiente? O que Cavaco está a tentar dizer é que colocará essa pressão de exigência sobre Sócrates.
Dada a personalidade de ambos, essa exigência pode dar faísca, conflito institucional grave. E não acredito que os portugueses o queiram.
Mário Soares, candidato à Presidência da República
Uma das grandes bandeiras da campanha eleitoral do PS prepara-se para absorver parte significativa dos fundos europeus. Simultaneamente, o mesmo Plano Tecnológico é criticado por quem de direito, sendo apontada, mais uma vez, a insuficiência de estudos como uma das principais pechas também desta meta do Governo (tal como o verificado nos megalómanos projectos da Ota e do TGV),
Projectos desenvolvidos em cima do joelho e com base na velha máxima do ‘prá frente é que é o caminho’ e ‘quem vier atrás que feche a porta’ afundam cada vez mais este nosso PORTUGAL.
(no expresso on line de 12 de Janeiro de 2006)
Casa Pia
Processo pode ter de voltar ao início
E eu que pensava que a preocupação da justiça deveria ser julgar para determinar a culpa ou inocência.
Afinal os tribunais perdem-se em questões processuais desde que se tenha dinheiro suficiente para os levar por esse caminho...
Também, pouco se estranha! Sendo as leis feitas em causa própria, é natural que se dê aos membros da classe a possibilidade de ganharem alguns euros enrolando os processos o tempo suficiente para que estes prescrevam.
Experimentem fazer as contas ao número de deputados do parlamento da Ucrânia de acordo com esta notícia publicada hoje no Público On Line (ver 2º parágrafo).
Executivo de Iuri Iekhanurov criticado pelos deputados
Gás: Governo da Ucrânia dissolvido após acordo com a Rússia
10.01.2006 - 14h19 AP
O Parlamento ucraniano aprovou hoje uma resolução que determina a dissolução do Governo do país, após o acordo firmado com a Rússia sobre o preço dos abastecimentos de gás para este ano.
No passado dia 4, o Governo da Ucrânia aceitou pagar 230 dólares (190 euros) por mil metros cúbicos de gás proveniente da empresa Gazprom, um preço idêntico ao praticado por muitos clientes europeus da empresa russa.
O anúncio do acordo foi feito depois de a Rússia ter interrompido o fornecimento de gás natural ao seu país vizinho, na sequência da rejeição ucraniana à pretensão russa de aumentar o seu preço mais de 400 por cento.
O Governo de Iekhanurov assumiu funções em Setembro do ano passado, substituindo o Executivo de Iulia Timochenko, uma das figuras-chave da "Revolução Laranja", que foi demitida pelo Presidente Viktor Iuschenko, após meses de conflito interno e denúncias de corrupção de parte a parte.
A ex-primeira-ministra esteve ao lado de Iuschenko na "Revolução Laranja", quando o então candidato da oposição contestou nas ruas a vitória fraudulenta de Ianukovich, apoiado pelo Presidente Leonid Kutchma.
RAW STORY
Published:
(original no site do Público)
Instituto do Ministério da Justiça afasta dois responsáveis
06.01.2006 - 12h26 Lusa
O jornal acrescenta que o presidente do IGFPJ autorizou a contratação de Becker por sugestão do director do departamento da administração geral do instituto, Ernesto Moreira.
Em comunicado, o Conselho Directivo da IGFPJ informa que decidiu "cessar as comissões de serviço da dra. Neidi Becker e do dr. Ernesto Moreira".
Ernesto Moreira disse ao jornal que "não era preciso" ter aberto concurso, acrescentando que houve mais candidatos ao lugar.
Segundo o "Independente", o ordenado de Neidi Becker estava estabelecido em cerca de 1700 euros mensais. Antes de ter sido requisitada pelo IGFPJ, Neidi Becker era funcionária num restaurante no Centro Comercial Colombo, em Lisboa.
O IGFPJ sublinha no comunicado que Neidi Becker "não foi requisitada pelo ministro da Justiça ou qualquer outro membro do Governo", mas sim pelo instituto, que tem autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
O Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça tem diversas competências, como o pagamento de vencimentos e abonos dos funcionários do Ministério da Justiça ou o controlo orçamental da Secretaria-Geral da Justiça.
2006/01/06 11:04
Com a compra de seis veículos topo de gama. Só no último ano e meio, entidade presidida por Vitor Constâncio gastou 1,2 milhões de euros com automóveis, quase tanto quanto gasta anualmente em salários (1,5 milhões)
O Banco de Portugal aumentou a frota automóvel com a compra de seis veículos topo de gama no mês de Dezembro, noticia a edição desta sexta-feira do INDEPENDENTE.
Segundo o jornal, o Banco de Portugal adquiriu três Volkswagen Passat, dois Audi A4, e um Mercedes classe E. O Independente afirma que, só no último ano e meio, o Banco de Portugal gastou 1,2 milhões de euros com a compra de 26 automóveis, valor próximo do que a instituição gasta anualmente em salários (1,5 milhões).
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