sexta-feira, março 18, 2005

carta escrita em 2070

nem de propósito......
recebi esta carta ontem por e-mail:

"Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo.
Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente.
Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele.
Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira.
Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.
Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira.
Hoje os meninos não acreditam que a agua se utilizava dessa forma.
Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA AGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a agua jamais se podia terminar.
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Antes a quantidade de agua indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta.
Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozono que os filtrava na atmosfera.
Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A industria está paralisada e o desemprego é dramático.
As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com agua potável em vez de salário.
Os assaltos por um bidão de agua são comuns nas ruas desertas.
A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.
Os cientistas investigam, mas não há solução possível.
Não se pode fabricar agua, o oxigénio também está degradado por falta de arvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.
O governo até nos cobra pelo ar que respiramos. 137 m3 por dia por habitante e adulto.
A gente que não pode pagar é retirada das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.
Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exercito, a agua tornou-se um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes.
Aqui em troca, não há arvores porque quase nunca chove, e quando chega a registar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelas provas atómicas e da industria contaminante do século XX.
Advertia-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso.
Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a agua que quisesse, o saudável que era a gente.
Ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a agua?
Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomámos em conta tantos avisos.
Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta terra!"

Documento extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos" de Abril de 2002.

quarta-feira, março 16, 2005

Quioto e o Kilimanjaro

Segundo um relatório de uma organização ambiental internacional, o Monte Kilimanjaro (na fronteira do Quénia com a Tanzânia) está sem neve e gelo pela primeira vez nos últimos 11.000 anos(!).

É mesmo verdade….

A ânsia consumista das economias ocidentais conduz-nos a uma constante deterioração do nosso planeta e, caso se adiem ad aeternum as medidas que se tornam urgentes e necessárias, rapidamente chegará o momento da insustentabilidade.

Por este caminho, o legado que deixaremos aos nossos filhos será resultado do nosso egoísmo e da total ausência de escrúpulos na utilização de algo que nunca foi nem será nosso, mas sobre o qual nos foram apenas concedidos privilégios de utilização (com obrigatoriedade, nunca cumprida, de preservação e reposição da qualidade ambiental).

Mas o que fazer quando o principal poluidor mundial recusa ratificar o Protocolo de Quioto alegando que isso seria prejudicial ao seu crescimento económico? Tanto quanto sei, existe uma imensidão de empresas a operar no sector do ambiente, isto para já nem falar que um maior controlo ambiental iria gerar negócio para as firmas de consultoria ambiental e económica pela obrigatoriedade do estabelecimento de um compromisso entre o cumprimento das normas ambientais e o crescimento das empresas.

Na minha modesta opinião, os USA recusaram subscrever o PdQ por isso prejudicar, sobretudo, a sua indústria petrolífera (com conhecidas ligações ao centro decisório de Pennsylvania Avenue) e poder originar um movimento contestatório e uma tomada de posição por parte dos cidadãos, revoltados por o combustível necessário à sua, irracional, utilização do automóvel deixar de ser ao preço da chuva.

Torna-se cada vez mais premente promover a construção de uma consciência colectiva alertando para o facto de que o “efeito borboleta” é mais do que uma mera formalização teórica. As consequências do descuido com que agimos no que diz respeito aos limitados recursos naturais colocados à nossa disposição sente-se de forma cada vez mais intensa. Exemplo desta situação são, sem dúvida, as dificuldades sentidas actualmente em Portugal no que concerne ao abastecimento de água em algumas regiões do país. Se é certo que parte significativa da maleita reside nas fugas e desperdícios existentes ao longo do sistema de captação e transporte dos recursos aquíferos, é também óbvio que uma melhor e mais racional utilização dos mesmos possibilitaria uma melhoria da qualidade de vida das populações afectadas, directa e indirectamente, pela situação.

Cabe-nos a todos agir em conformidade com as nossas consciências e com a imagem que cremos passar da nossa geração e a herança que pretendemos deixar às gerações vindouras.

(veja aqui as fotografias da evolução da cobertura do monte Kilimanjaro ou em:

www.iucn.org / Our Work / Themes / Climate Change)

terça-feira, março 08, 2005

...caricato...

É no mínimo caricato que o diploma de criação de uma Secretaria-Geral seja publicado poucos dias antes da tomada de posse de um Governo em que o Ministério em que esta está inserida foi extinto.....

Para quando o estabelecimento em PORTUGAL de um 'aparelho' de tipo britânico em que só as cabeças principais são substituídas mantendo-se em funcionamento as estruturas, independentemente da cor política no poder?

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticias/noticia.php?id=510716

ao colo – Parte III

Que José Sócrates ganhou as últimas eleições legislativas Portuguesas com o apoio do ‘golpe’ promovido por Jorge Sampaio e levado ao colo pela comunicação social (que continua a bater em Pedro Santana Lopes apesar de este já estar politicamente ‘morto’) é do conhecimento público.

Atente-se em
http://www.portugaldiario.iol.pt/colunistas/artigo.php?id=509260&div_id=2731 e ter-se-á uma ideia daquilo a que me refiro.

Indubitavelmente que, sendo um artigo de opinião, o autor pode apoiar as causas e pessoas que bem entender. Convém contudo que o faça a partir de bases sólidas e com um mínimo de sustentabilidade.

Sinceramente, nunca, durante toda a campanha eleitoral, escutei de José Sócrates qualquer afirmação relativamente à linha condutora da sua actuação caso viesse a ser eleito primeiro ministro. Tudo o que lhe ouvi foram ideias soltas relativamente aos objectivos que pretendia, sem que fosse fornecida qualquer pista quanto ao timing ou forma de concretização dos mesmos.

Descubro agora que José Sócrates pretende o estabelecimento de um Estado-Providência à semelhança dos do Norte da Europa. Nobre objectivo, sem dúvida, nomeadamente se tivermos em consideração o estado caótico em que se encontram o SNS e a Segurança Social, e que é do conhecido de qualquer cidadão que a eles pretenda recorrer.

O paradoxo de um artigo escrito a metro e encomendado pela entourage do elogiado, reside numa mera exposição acrítica dos elementos ‘fornecidos’ para ‘construção da opinião’. Ora, escreve o ‘opinador’ que o Estado-Providência Português será apoiado na receita fiscal (tal como o verificado nos países nórdicos). E aqui reside o busílis da questão…

A cultura societária Portuguesa, e, para este efeito, a de toda a Europa do Sul, é claramente divergente da dos países modelo apontados. O objectivo primordial de grande parte dos contribuintes Portugueses é fugir o mais possível aos impostos e, simultaneamente, tentar ‘sacar’ o máximo ao Estado. É impensável, para a maioria dos contribuintes, pagar mais impostos para que o Estado possa prestar mais e melhores serviços (até porque o que se tem verificado é precisamente o oposto: os impostos aumentam mas a qualidade dos serviços prestados regista uma evolução exponencial mas inversamente proporcional).

O problema põe-se portanto (tal como sempre) ao nível da fuga ao fisco. É neste campo que PORTUGAL é obrigado a melhorar se quiser continuar a sobreviver e a garantir aos seus cidadãos, pelo menos, o nível mínimo de assistência. Mas um ganho ao nível da máquina fiscal do Estado iria contra interesses instalados e lobbies que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a recente alteração da composição partidária da Assembleia da República.

E é, tão simplesmente, aqui que falha o artigo acima mencionado e, em última análise, o ‘pensamento’ do ‘grande-timoneiro’ do momento.

segunda-feira, março 07, 2005

ironias.....

Segundo pensava, a reforma da Administração Pública teria como objectivo a desburocratização, o favorecimento do e-government e a promoção de medidas visando facilitar o contacto dos cidadãos com a 'máquina' do Estado.

É no mínimo irónico que, com o novo governo PS, a dita reforma passe a ser tutelada por dois Ministérios...

http://www.diarioeconomico.com/edicion/noticia/0,2458,602945,00.html

sexta-feira, março 04, 2005

bushflash

Tropecei num site inflamado e escrito com raiva mas que acaba por levantar algumas questões pertinentes. Aconselho uma consulta crítica e cuidada, com bastante cuidado na visualização das imagens.

Será que a invasão do Irão começará mesmo em Junho de 2005?
MILITARY STRIKES AGAINST IRAN DUE TO BEGIN IN JUNE em http://www.bushflash.com/


utilização de URÂNIO EMPOBRECIDO

preocupante…..
(ATENÇÃO: DESACONSELHÁVEL a algumas pessoas já que inclui IMAGENS QUE PODERÃO FERIR A SUA SUSCEPTIBILIDADE)
http://www.bushflash.com/pl_lo.html

quinta-feira, março 03, 2005

A Hipótese GAIA

O Homem é um bichinho arisco e perverso e na sua ânsia de lucro fácil e despreocupação máxima acaba por envenenar de forma crescente o Planeta em que (sobre)vive, fazendo-o cada vez mais numa óptica nimby (not in my backyard).

A força do tsunami, registado em Dezembro de 2004, terá rebentado diversos barris de resíduos tóxicos que haviam sido depositados ilegalmente ao largo da costa da Somália por empresas sem escrúpulos, aproveitando a desordem e a barbárie reinantes neste país.

Entre a população do Norte do país regista-se o aparecimento de diversos sintomas que poderão indiciar envenenamento por resíduos nucleares, produtos químicos radioactivos, metais pesados e resíduos médicos.

Toda a acção gera uma reacção e o ‘mal’ acaba por vir sempre à tona.

A HIPÓTESE GAIA, avançada por James Lovelock, ganha progressivamente consistência, levando-nos a uma crescente consciencialização da TERRA enquanto PLANETA VIVO que nos pune pelo mal que lhe infligimos.

O Homem é cada vez mais o carrasco de si mesmo e, se quiser continuar a sobreviver neste maravilhoso MUNDO, terá que mudar, rapidamente, a forma de pensar a CASA onde habita e a forma de agir sobre a mesma.

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticias/noticia.php?id=508848&sec=6

quarta-feira, março 02, 2005

O Afeganistão e o Irão

Nos últimos dias surgiu um relatório da ONU a confirmar aquilo que já se sabia: o Afeganistão encontra-se a ferro e fogo.

A ocupação estado-unidense ao libertar os afegãos das grilhetas dos talibans arrolou-os simultaneamente como escravos dos senhores da guerra que controlam o país e dos diversos grupos de narcotraficantes (actividade anteriormente desenvolvida de forma monopolista pelo regime taliban).

Ao mesmo tempo, as liberdades continuam cerceadas e as necessidades mais básicas continuam por satisfazer.

No entanto, a economia do país cresceu 25% desde a ocupação promovida pelos USA, milhões de crianças regressaram à escola e milhões de refugiados voltaram para o seu país. Mas apesar disso, o Afeganistão revela-se o quinto país menos desenvolvido no ranking da ONU. A situação é tal que o relatório refere que "O preço que a comunidade internacional irá pagar para se proteger do Afeganistão será muito maior do que o que pagará para o desenvolver".

Desenganem-se aqueles que pensam que a invasão do Afeganistão foi uma retaliação pelos ataques de 11 de Setembro de 2001 e uma (vã) tentativa para capturar o seu (apontado) mentor.

A invasão deste país resultou mais de um jogo económico e de uma estratégia para aceder a fabulosos recursos petrolíferos do que de outro qualquer motivo.

O acesso ao petróleo das ex-repúblicas soviéticas é fácil. Difícil é transportar o ouro negro por território ‘amigo’ ao menor custo possível de forma a que este possa ser vendido nos mercados ocidentais ao valor mais alto possível.

Se der uma espreitadela no mapa reparará que a construção de um oleoduto que possibilite o transporte de petróleo das ex-repúblicas russas para o Mar da Arábia, atravessando ainda o ‘amigo’ Paquistão, terá que passar pelo Afeganistão ou pelo…. Irão.

Sendo o presidente dos USA um cowboy arrogante e com interesses ligados aos grandes grupos petrolíferos do país (veja-se o background de diversos membros do Governo, nomeadamente o de Condoleeza Rice) será fácil perceber que a invasão do Afeganistão se limitou a uma manobra económica na luta pelo acesso a matérias primas baratas.

A situação no Afeganistão parece estar a correr mal dada a instabilidade reinante. O Irão, como rota alternativa e possuidor de significativas reservas petrolíferas, corre assim o sério perigo de ter o mesmo destino.

Hoje mesmo o chefe da delegação dos USA na Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), acusou o Irão de manipular de forma cínica o tratado de não-proliferação de armas nucleares.

A acompanhar os desenvolvimentos dos próximos capítulos…

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